Nova onda de incêndios no Pantanal começou após caminhão atolar e pegar fogo; veja cronologia da destruição
A ONG Onçafari, Corpo de Bombeiros e outras instituições ambientais de Mato Grosso do Sul indicam que a 2ª onda de incêndios no Pantanal foi desencadeada por um caminhão que ficou atolado em uma estrada de areia, provocando um grande incêndio na região da Nhecolândia, no Pantanal de Corumbá (MS), no dia 25 de julho.
A temporada de incêndios no Pantanal, que historicamente começa entre o fim de julho e o início de agosto, se antecipou em 2024 devido à longa estiagem e às mudanças climáticas. Conforme apontam especialistas, o bioma enfrenta a pior temporada de fogo desde 1951, com mais de 1,2 milhão de hectares destruídos até o momento.
Cronologia do fogo
- Abril: estado de emergência e queima controlada
No dia 9 de abril, o governo do estado decretou “Estado de Emergência Ambiental” em Mato Grosso do Sul para precaver a temporada de queimadas e autorizou a queima prescrita, processo que queima a vegetação de forma controlada e evita futuras queimadas em mais de 100 propriedades rurais.
- 16 de abril: o início da campanha de prevenção
Ainda em abril, no dia 16, ocorreu o lançamento da campanha de prevenção e combate a incêndios florestais no estado, quando bases dos bombeiros foram montadas em propriedades rurais para evitar o alastramento do fogo. O mês encerrou com 257.825 hectares de terra queimados.
- 10 de maio: a primeira onda do fogo
No dia 10 de maio, uma queima científica feita por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e acompanhada por equipes do Corpo de Bombeiros e do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) em uma propriedade rural de Corumbá, saiu do controle e passou para uma área de difícil acesso.
Céu mudou de cor após incêndios no Pantanal — Foto: Divulgação/Bombeiros
- As investigações do Ministério Público
Doze fazendeiros do Pantanal em MS começaram a ser investigados pelo Ministério Público Estadual por serem proprietários de imóveis rurais de onde começaram focos de incêndios que afetaram o bioma. Os pontos do início do fogo foram identificados por meio de satélite.
- 11 de junho: a suspensão das queimas controladas
No dia 11 de junho, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) suspendeu as autorizações ambientais de queima controlada em razão das condições extremas do clima: estiagem prolongada, elevadas temperaturas, baixa umidade do ar e ventos com velocidade acima de 30 quilômetros por hora. Todos esses fatores reunidos apresentam alto risco de incêndios.
- A intensificação dos incêndios
Ainda em junho, o Pantanal começou a sofrer de forma mais intensa com o fogo. No mês, o bioma queimou mais de 13,5 mil hectares por dia; 565,3 hectares por hora, o que representa 9,4 hectares por minuto. Nem em 2020, quando incêndios consumiram 26% do bioma, foram registrados tantos focos de incêndio como em junho de 2024.
- Início de julho: cemitério a céu aberto
No começo de julho, o Pantanal já tinha se transformado em um cemitério a céu aberto, com cobras, jacarés e anfíbios mortos em razão do fogo. As chamas já tinham destruído mais de 764 mil hectares, ou 5% do bioma. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída naquela época já era seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.
Carcaça de animal encontrada no Pantanal — Foto: Reprodução
- 11 de julho: incêndios zerados
No dia 11 de julho, uma massa de ar frio contribuiu para zerar os focos de incêndio temporariamente, mas não extinguiu a ameaça completamente. Até aquele momento, o fogo já havia devastado mais de 766 mil hectares do bioma, deixando um rastro de destruição e morte no território pantaneiro.
Essa matéria orgânica, resultante da decomposição da vegetação acumulada no solo, pode atingir vários metros de profundidade e se torna altamente inflamável. Com a elevação das temperaturas e a redução da umidade relativa do ar, os incêndios voltaram.
- 25 de julho: a segunda onda de incêndios
No dia 25 de julho, um motorista atolou um caminhão, forçou o motor e provocou incêndio em área no Pantanal. O veículo atolou em uma estrada de areia e provocou um grande incêndio. Devido à seca e aos fortes ventos, o fogo logo se espalhou pelas áreas privadas de fazendas no bioma. As chamas saíram do controle e se espalharam pela vegetação seca.
Fogo em caminhão provoca incêndio no Pantanal. — Foto: Reprodução
- A propagação das chamas
Fortes rajadas de vento contribuíram para a rápida propagação das chamas, levando os incêndios, que antes estavam concentrados em Corumbá, a se espalharem para as regiões de Miranda e Aquidauana.
O fogo atingiu a Reserva Natural Santa Sofia, que abriga a ONG Onçafari e a Estância Caiman, no Pantanal, às margens do rio Negro, em Miranda (MS). As chamas também ameaçaram a fazenda Campo Novo, do cantor Almir Sater, na região do rio Negro, em Aquidauana (MS).
- 31 de julho: um plano nacional
O presidente desembarcou em Corumbá (MS) no dia 31 de julho e sobrevoou áreas queimadas no Pantanal. Na ocasião, também sancionou a lei que institui o Plano Nacional do Manejo do Fogo.
Lula sobrevoa áreas atingidas pelas queimadas no Pantanal — Foto: Ricardo Stuckert
- 1º de agosto: fenômenos causados pelo fogo
No começo de agosto, foram divulgadas imagens de um redemoinho gigante de fogo que se formou na região da Reserva Natural Santa Sofia, e no sábado (3), um incêndio de grandes proporções deixou o céu completamente vermelho em Corumbá (MS). As imagens foram registradas na região da ponte sobre o Rio Paraguai.
- 5 de agosto: números da destruição
Segundo dados desta segunda-feira (5) do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ), os incêndios no Pantanal já causaram a destruição de 1,245 milhão de hectares (979,9 mil hectares em Mato Grosso do Sul e 265 mil em Mato Grosso).
Bombeiros recebem ajuda de helicópteros e aviões para combater as queimadas no Pantanal — Foto: Reprodução/TV Globo
G1 MS